RESUMO Objetivo Avaliar a associação entre adesão ao tratamento e mortalidade em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) tratados no Sistema Único de Saúde (SUS). Métodos Este é um estudo de coorte de pacientes com DPOC moderada a grave acompanhados em um programa público de gerenciamento de doença (PGD) baseado no cuidado farmacêutico. Todos os indivíduos que foram a óbito um ano após o início da coorte foram pareados por idade com aqueles que permaneceram vivos ao final do período da coorte. A adesão ao tratamento foi medida através dos registros de dispensação de medicamentos. Os pacientes que receberam pelo menos 90% das doses prescritas foram considerados aderentes ao tratamento. Resultados Dos 333 pacientes (52,8%, idade ≥ 65 anos: 67,9% do sexo masculino), 67,3% aderiram ao tratamento (taxa de adesão = 87,2%). A mortalidade foi associada à não adesão (p = 0,04), presença de sintomas (mMRC ≥ 2) e uso de tratamento para DPOC. Os óbitos foram associados à não adesão, presença de sintomas e hospitalização prévia. Após ajuste, pacientes não aderentes ao tratamento foram quase duas vezes mais propensos a ir a óbito em comparação àqueles aderentes (hazard ratio = 1,86; [IC95%, 1,16-2,98], p = 0,01). Conclusão A não adesão ao tratamento foi associada à maior mortalidade entre pacientes com DPOC de moderada a grave tratados no SUS. Estratégias de monitoramento e otimização da adesão devem ser fomentadas a fim de reduzir a mortalidade relacionada à DPOC.
ABSTRACT Objective To evaluate the association between adherence to treatment and mortality among Chronic Obstructive Pulmonary Disease (COPD) patients treated in the Brazilian public health system. Methods This is cohort study of moderate-to-severe COPD patients monitored in a public pharmaceutical care-based Disease Management Program (DMP). All subjects who died one year after the beginning of the cohort were age-matched with those who remained alive at the end of the cohort period. Treatment adherence was measured through pharmacy records. Patients who received at least 90% of the prescribed doses were considered adherent to treatment. Results Of the 333 patients (52.8% age ≥ 65 years, 67.9% male), 67.3% were adherent to treatment (adherence rate, 87.2%). Mortality was associated with lack of adherence (p = 0.04), presence of symptoms (mMRC ≥ 2) and COPD treatment use. The death was associated with non-adherence, presence of symptoms and previous hospitalization. After adjustment, non-adherent patients to treatment were almost twice times likely to die compared to those adherents (Hazard Ratio (HR) 1.86; CI 1.16-2.98, p = 0.01). Conclusion Non-adherence to treatment was associated with higher mortality among moderate-to-severe COPD patients treated in the Brazilian public health system. Strategies to monitor and optimize adherence should be strengthened to reduce COPD-related mortality.